terça-feira, 11 de março de 2014

UM CONTO NO DELIRIUM CAFÉ

Hoje vamos testar um novo formato, um conto que envolve cerveja, mulher e um bar carioca muito especial. No fim do conto os detalhes sobre o bar. Lembro que nomes e situações são ficcionais, de verdadeiro aí só os atributos do bar.

- Vocês levam toda mulher nesse bar?



É claro que neguei quando ela  fez a pergunta, ar desconfiado e semblante amarrado. Nas mãos o celular mostrava a foto do Brando, amigo de longa data, bebendo uma Tripel Karmeliet com a mais nova amante.

Ela tinha motivo pra reclamar, eu mesmo a levara no mesmo bar há um ano atrás.

O Delirium Café, casa especializada em cervejas especiais, tinha o clima certo pra quem queria parecer requintado e ao mesmo tempo embebedar a moça com os mais sórdidos objetivos.

Garrafas das mais remotas partes do mundo sorriam nas prateleiras: Amargas americanas, corpulentas trapistas, stouts a perder de vista. Eram jóias que agradavam a boca e,  entre uma e outra promessa, abriam as possibilidades para outras áreas da anatomia. 

Eu não posso negar que todos da confraria usávamos daquela míriade etílica para covil de um primeiro encontro. A valsa era ensaiada e clichê como cabe, o rapaz escolhe o rótulo certo e a moça em questão a hora certa pra avisar que está “alegrinha”.

Tom, o prestativo gerente da casa e amigo, entendia tão bem de cervejas quanto deste nosso hábito. Percebendo a situação, empostava a voz e emulava estar recebendo um lorde inglês que conhecera na infância: - Você entende mais de cerveja que eu, não precisa da minha orientação. Dizia o gerente cheio de loas sabendo que, fosse a investida bem sucedida, teria uma farta conta no fim da noite.

O som ambiente impecável era quase um assédio, mexilhões garantiam uma refeição entusiasmante sem comprometer possíveis exercícios vindouros,  é claro que pedir mexilhões por si só é uma forma bem canalha de sedução.

No fim da noite Tom levava a conta e com ela um formulário de fidelidade para coletar dados dos novos clientes, anotados os dados cadastrais e aprovado o cartão de crédito, caberia ao destino dizer se tudo terminaria em uma noite ou algo mais.

Foi assim comigo, com João, Honorato e até com o Peludo. Quem sumia por muito tempo do bar de certo estava amasiado , quem voltava trazia consigo uma nova presa ou algumas mágoas pra derramar no convidativo balcão de madeira.
Foi assim também com Brando, encostando pela enésima vez o cotovelo dolorido no Delirium Café:

- Tom! Desce um chope Lúcifer, terminei tem duas semanas e já tô arrependido...

- Bebe que passa ! Só me desculpa…Vou te servir esse copo mas depois o Junior continua contigo, já tô de saída.

Nenhum de nós suspeita que o velho Tom tem a melhor lista de recém solteiras da cidade.

Programa: Cervejas especiais com ótimo cardápio

Quando: Sextas, sábados e domingos (horário de funcionamento no site: 
http://www.deliriumcafe.com.br/)
 
Público: Todos os estilos e todas as idades

Transporte: Taxi, ônibus, carro e metrô

Custo: Mais de R$ 150,00 pra comer e beber bem.

Endereço: Mapa

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